Porrada no HIV!

Porrada no HIV!

 

Porrada no HIV! 
 
Tá todo mundo tranquilo demais... E, enquanto isso, a epidemia vai contaminando mais jovens a cada ano.
 
Deco Ribeiro
 
 
 
Numa coisa eu acho que nós, os E-jovens, estamos pisando na bola. Acho que não estamos dando o devido valor à luta contra a AIDS. Por que será? Será que todo mundo acha que não precisa mais? Será que é porque já tem tratamento e todo mundo pensa “Ah, qualquer coisa eu tomo remédio e boa”? Ou é irresponsabilidade mesmo?
 
 
 
No Brasil, segundo o MonitorAIDS, 30% da população tem entre 10 e 24 anos – são 60 milhões de jovens. E será que eses jovens fazem sexo? Bom, 25% da população brasileira transou ANTES dos 15 anos. Isso são 45 milhões de adolescentes!! Na população acima dos 15 anos, 90% tem vida sexualmente ativa. Ou seja: TODO mundo tá transando. E tão usando camisinha? Apenas 25% da população usa regularmente. Os jovens usam um pouco mais – 48% deles estão usando. Pouco menos de 29 milhões.
 
 
 
Isso significa o quê? Que 31 milhões de jovens estão transando por aí sem camisinha. Por que será? Será falta de informação? Não: 70% das escolas falam regulamente sobre prevenção ao HIV e grande parte desses adolecentes sabem de cor e salteado toda a lista de DSTs mais frequentes, bem como que a camisinha é a principal forma de não ser contaminado (cerca de 90% deles). 
 
 
 
Isso significa que a grande maioria dos jovens que transa sem camisinha SABE que existe o HIV, sabe que ele se transmite pelo sexo e sabe que só a camisinha salva. Mas mesmo assim não usa. Quem tiver uma explicação pra isso, eu gostaria que me respondesse no mail hiv@e-jovem.com. Lógico, eu tenho minha teoria. 
 
 
 
Obviamente os adolescentes não estão sendo atingidos pelas campanhas de prevenção. “Use camisinha” já não está dizendo muita coisa pra eles. “E daí se eu não usar?” Pega AIDS. “E daí se eu pegar?”Toma remédio. “Ah. Então tá.” E, na hora do vamo-ver, nada de camisinha. Tem gente que tem até tem camisinha, põe na gaveta, usa na carteira,no bolso – mas na hora do vamo-ver, tira a calça e a camisinha vai junto. O que acontece? 
 
 
 
Em um bate-papo recente com o Grupo E-jovem de Campinas, os próprios E-jovens tentaram explicar isso. A conclusão foi que as campanhas eram muito racionais, e sexo é tudo, MENOS racional. Sexo é emoção. Em outras palavras: Quando a cabeça de baixo começa a funcionar, a de cima pára. Então não adianta falar, falar, falar. Não adianta escrever, escrever e mandar o jovem ler, decorar. Quando vai rolar sexo, o racional é automaticamente desligado e o emocional toma conta. Toda a informação sobre prevenção está no racional. Logo... 
 
 
 
Conclusão: Temos que que encontrar uma maneira de trabalhar a questão da prevenção de uma maneira diferente, que seja gravada no emocional dos jovens. Esqueçam os folders, as cartilhas, os livros e até sites como esse aqui – eles lêem tudinho, mas na hora some tudo. As futuras campanhas têm que bater mais fundo. Por quê? Porque a população em que mais cresce o numero de infecções são jovens gays (meninos) de 15 a 18 anos...
 
 
 
O Grupo E-jovem resolveu então criar uma peça de teatro que, através da arte, atingisse diretamente o emocional da galera. O resultado é o texto “O Amor Nos Tempos do HIV” - que vocês podem conferir aqui no site. Dará certo? O tempo dirá. Mas é uma tentativa. Se você imaginar outro tipo de ação que atinja a galerinha direto no emocional, escreva pra gente – hiv@e-jovem.com. E vamos colocar em ação, porque o lance aqui é chega de blablablá - e pau no HIV!!
 
 
 
Deco Ribeiro
 
FONTE: e-jovem